GEOPROCESSAMENTO APLICADO A ANÁLISE DO POTENCIAL AGRÍCOLA DAS TERRAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TOCANTINZINHO - GO


Autores

1Borges de Oliveira, R.

1UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Email: rosaneborgesoliveira@gmail.com

Resumo

A região Sudoeste de Goiás tem apresentando grande desenvolvimento agropecuário, enquanto no Nordeste Goiano, onde os terrenos são mais inclinados e há ausência de malha viária estruturada, a fronteira agrícola pouco avançou (FERREIRA et al.,2009). Entretanto nos últimos anos tem sido visível a expansão da atividade agrícola na bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho, localizada no sudoeste da região Nordeste Goiano, conforme Lima (2016) revela que a paisagem repleta de campos de soja, as margens da rodovia GO-118, que antes era comum apenas no município de São João d’Aliança já se estende até a chegada a Alto Paraíso de Goiás. A remoção da cobertura vegetal para cultivo da soja torna o solo desprotegido dos impactos das gotas da chuva e mais suscetível ao processo erosivo. O processo erosivo que envolve desagregação, transporte e deposição de partículas do solo tem como consequência a perda de solo que pode causar assoreamento dos cursos d’água e reservatórios. O rio Tocantinzinho é um dos afluentes do rio Tocantins represado pela Usina Hidrelétrica (UHE) de Serra da Mesa. Considerando que desequilíbrios ambientais que ampliem o potencial de produção de sedimentos podem interferir na capacidade de geração de energia elétrica da UHE a bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho é uma importante área para estudo da erodibilidade. Para Scopel e Silva (2001) a espacialização de dados de erodibilidade, possível por meio da associação entre a informática e a cartográfica, é uma importante ferramenta para planejamento, sobretudo de grandes áreas, uma vez que fornece ao planejador o tamanho da área com características de solo favoráveis à utilização agrícola e a sua localização. Assim como a erodibilidade, conhecer a aptidão agrícola é importante para o entendimento do potencial das terras, visto que esta analisa a capacidade de produção das terras e o nível de manejo tecnológico adotado (A-primitivo, B-intermediário e C-avançado). Mediante ao exposto, o presente trabalho teve por objetivo mapear a erodibilidade e analisá-la juntamente com a aptidão agrícola dos solos da bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho, de modo a contribuir com estudos para o planejamento de uso do solo. Foram utilizados como base cartográfica o mapa de solos e o mapa de aptidão agrícola do Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Estado de Goiás – MacroZAEE (GOIÁS, 2014). A metodologia utilizada no mapeamento da aptidão foi Ramalho Filho e Beek (1995). As classes do mapa de erodibilidade elaborado no presente trabalho foram definidas a partir da relação entre os solos da área de estudo com os índices de erodibilidade relativa adaptados por Salomão (1999), sendo nomeadas de Muito Alta (I), Alta (II), Baixa(IV), Nula (V). Para a organização e elaboração dos mapas utilizou-se o software ArcGis 10. A bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho possui aproximadamente 4.858 km² e está inserida nos municípios Colinas do Sul, Niquelândia, Alto Paraíso de Goiás, São João d’Aliança e Água Fria de Goiás. Em relação à área total em km², os resultados revelaram proporções elevadas para o fator erodibilidade do solo, visto que a classe Muito Alta representa 76,98% da área, com machas que se distribuem por toda bacia hidrográfica, sobretudo na porção noroeste e central, compreendendo áreas de Cambissolo e Neossolo Litólico. A classe Baixa representa 21,76%, abrangendo áreas de Latossolo situadas predominantemente na porção nordeste e sul. Os Gleissolos, de classe Nula, correspondem a 1,23% da área, compreendendo pequenas manchas dispersas na porção norte e sul. A classe Alta compreende uma mancha de Argissolo situada na porção noroeste e representa 0,03%. Não foram verificados solos de classe III (Moderada). Com relação a aptidão agrícola observou-se que 30,31% das terras apresentam aptidão restrita para pastagem plantada, classe 4(p), compondo manchas distribuídas principalmente na porção noroeste, nordeste e sudoeste da bacia, correspondendo a áreas de Cambissolos e Neossolos Litólicos. Outra grande parte das terras não apresenta aptidão agrícola sendo indicada para preservação de fauna e flora (classe de aptidão 6), correspondendo a 29,40%. As áreas de classe 6 apresentam Neossolos Litólicos e situam-se nas porções nordeste, centro-oeste e extremo leste da bacia hidrográfica. Os Neossolos Litólicos também se destacaram nas terras com aptidão regular para pastagem plantada (classe 4p) que correspondem a 3,28% (no norte e oeste da bacia); nas terras com restrição para pastagem nativa, classe 5(n), que representam 3,12% (porção nordeste e centro); e, nas com aptidão regular para pastagem nativa, classe 5n, compreendendo 1,54% (pequenas manchas na porção noroeste). A aptidão boa no nível de manejo C, regular em B e inapta em A (1bC) corresponde a 29,20%, com predomínio de áreas de Latossolos na porção nordeste e sul. A aptidão regular no nível de manejo B e C e inapta A (2bc) compreende 1,94%, com destaque para áreas de Cambissolos, além de Latossolos e Neossolos, situadas na porção central. A aptidão restrita no nível de manejo B e C e inapta A (3(bc)) abrange pequenas manchas dispersas na porção norte e sul, compreendendo 1,01% em áreas com predomínio de Gleissolos. Diante dos resultados pode-se observar que as classes de erodibilidade Alta e Muito Alta representam 77% da área da bacia, as áreas sem aptidão agrícola correspondem a 29,4% e as terras em que as possibilidades de utilização limitam-se as pastagens somam 38,25%. Tais índices revelam o baixo potencial agrícola das terras e acentuam a necessidade do planejamento do uso com adoção de práticas de manejo conservacionistas, inclusive em áreas com aptidão para lavoura que apresentaram alta erodibilidade. A escala adotada, ainda que apropriada a análise regional, mostrou-se eficiente para a visão espacial e preliminar necessária ao planejador como instrumento de auxílio no controle e monitoramento das mudanças de uso do solo, de modo que não ocorram problemas futuros.

Keywords

Erodibilidade; Aptidão agrícola; Potencial agrícola

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