UMA HISTÓRIA DA DINÂMICA URBANA ATRAVÉS DE MAPAS – O CASO DA ZONA OESTE


Autores

1Maria Moura de Almeida, P.; 2Soares, A.

1CASTELO BRANCO Email: paulamariasena@castelobranco.br
2CASTELO BRANCO Email: leaonster@gmail.com

Resumo

UMA HISTÓRIA DA DINÂMICA URBANA ATRAVÉS DE MAPAS – O CASO DA ZONA OESTE O espaço geográfico apresenta grandes mudanças associadas à maneira com que as sociedades evoluem principalmente nos registros da quanto sua transição e mudanças rural/urbana. Por isso, há constante necessidade de análises que propiciam o estudo dessa evolução. Nesse contexto, o uso da cartografia histórica corrobora as peculiaridades do processo de transformação presentes na expansão da malha urbana através da utilização de mapas pretéritos comparando-os com materiais cartográficos atuais. No caso da cidade do Rio de Janeiro (RJ), autores como André Luis Manssur (2008) e Roberto Bassaf (2001) apontam que a urbanização dos bairros da zona oeste iniciou-se através da introdução de fábricas, indústrias e centros militares, que despontaram a raiz do progressivo crescimento econômico, social, espacial e cultural da região. Entretanto, a análise espacial através de produtos geo-rreferenciados propiciam mais detalhes sobre esse fenômeno. A cartográfica histórica, por exemplo, dá subsídios aos estudos de história ambiental e urbana. Frente a tal cenário, o presente estudo tem com o objetivo de analisar elementos presentes em materiais cartográficos históricos, que reflitam as principais alterações na Zona Oeste do RJ (nos bairros de Realengo, Bangu e Vila Militar). A pesquisa realizada utilizou-se de levantamento e investigação bibliográfica com a análise de pesquisas sobre a memória urbana de Realengo, Bangu e vila Militar. Além disso, a plataforma digital Google Earth foi utilizada, permitindo a melhor compreensão e análise sobre as decorrentes mudanças presentes nos bairros selecionados e proporcionando a acareação entre dados pretéritos e atuais sobre o lugar onde se realizou a pesquisa. Além das imagens digitais do Google earth, dois mapas históricos foram georreferenciados e também estiveram entre os materias e foram de fundamental importância para o enriquecimento da análise e dos resultados. Conforme o portal da Prefeitura do Rio de Janeiro (http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas) a área dos três bairros apresentavam, aproximadamente, 8.251ha na totalidade, com cerca de 216.400 habitantes. Os mapas com distanciamento temporal tiveram como uma das principais funções a percepção mais expressiva das mudanças representadas. Foram selecionados dois mapas, o primeiro mapa ,do ano de 1922, foi desenvolvido pelo Serviço Geográfico do Exército Brasileiro em escala 1:50.000. O mapa de 1976 diz respeito ao mapeamento da região metropolitana do Rio de Janeiro realizado pela Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro - FUNDREM . Através da análise dos mapas escolhidos, é possível que seja feito um apontamento das modificações presentes na extensão da malha urbana, a identificação de prédios antigos que resgatam a memória histórica dos bairros, configurando o desenvolvimento sem que as recordações históricas sejam desfeitas. Dentre os três bairros em questão, Bangu foi o primeiro a receber seu primeiro empreendimento, que foi responsável pela transformação de uma zona rural para urbano, foi à fábrica de tecidos Bangu responsável pelo início do crescimento da zona oeste, pois a partir da instalação dela é que se estabeleceu o surgimento dos primeiros sinais de urbanização na região, além disso, a fábrica alavancou o crescimento social, econômico e cultural. A chegada da linha férrea em Bangu se concretizou em primeiro de maio de 1890, oito anos após a primeira estação na zona oeste em Santa Cruz. Em Realengo o pólo de crescimento teve destaque com a influência exercida pelos centros militares, como principais construções tem-se a fábrica de cartuchos, fundada em 1898 e a Escola Militar, que estabeleceu sua sede em realengo entre 1913 e 1914 (Mansur, 2008). A estação ferroviária de Realengo foi inaugurada em 1878, que fomentou o crescimento industrial e militar de Realengo. Na primeira análise realizada no mapa de 1922 foi possível observar a concentração populacional que se deteve próximo aos pólos econômicos que consequentemente favoreceu a instalação da linha férrea de forma estratégica, pois, além de oferecer maior mobilidade aos trabalhadores e moradores da zona oeste, também colaborava para o escoamento das mercadorias fabricadas e para a chegada das matérias-primas utilizadas nas indústrias, foi à linha férrea quem influenciou diretamente em um significativo crescimento econômico e territorial dos bairros. Segundo André Luis Manssur (2008), em Realengo e vila Militar as primeiras construções eram predominantemente militar, já em Bangu, de acordo com SILVA (1999) a expansão ganhou destaque pela implantação da fábrica que atualmente é ocupada pelo Shopping Bangu. Tais mudanças existentes nos três bairros também podem ser observadas no mapa de 1976, eles relatam cartograficamente à evolução presente nos bairros e, principalmente, nos revelam a importância dos pólos econômicos e da linha férrea para o processo de evolução urbana, a estação de trem de Bangu no centro da mancha urbana e próxima a fábrica de Bangu. Já no bairro de Realengo, a estação também centrada na mancha urbana, está próxima a fábrica de cartuchos e a Escola Militar. Na Vila Militar, é no centro dos complexos militares que está à estação de trem. Também foi possível observar que no mapa de 1922 a conectividade entre os bairros não existia, já no mapa de 1976 já existia a conectividade entre os bairros analisados e os bairros de Magalhães Bastos e Padre Miguel, inexistentes em 1922. Indícios mostram que a grande diferença entre 1976 e os dias atuais, é o adensamento da malha urbana já ocupada e, a expansão dessas áreas em direção aos maciços. O que mostra a pressão, cada vez maior, das áreas verdes em virtude da ocupação humana.

Keywords

Cartografia Histórica; Zona Oeste; Dinâmica Urbana

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