MODELAGEM PARA SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS FUTUROS DE DESMATAMENTO NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARÁ.


Autores

1Aquino, J.N.; 2Pizani, F.M.C.; 3Nero, M.A.

1UFMG Email: nunes.aquino@hotmail.com
2UFMG Email: fm.coelho@yahoo.com.br
3UFMG Email: marcelo-nero@ufmg.br

Resumo

Introdução - O bioma Amazônia é o maior bioma existente no Brasil, ocupando uma área de aproximadamente 4.196.943 km², totalizando 49,29% de todo o território nacional. (IBGE, 2004). O desmatamento da Floresta Amazônica é um tema amplamente discutido na comunidade acadêmica, tendo como ponto central e comum entre todos, as relações antrópicas existentes no âmbito do bioma Amazônia. Fearnside (2003) explica que as relações entre os seres humanos e o bioma dependem fundamentalmente do grupo social em questão, pois relações de poder, diferenças culturais, políticas e sociais influenciam diretamente no impacto ambiental das atividades de cada grupo. Considerando-se o histórico de grande desmatamento na Amazônia, se faz imprescindível o constante monitoramento da mudança de uso e cobertura do solo afim de definir estratégias eficazes, à título de prevenção e combate ao desflorestamento nessa região. Nesse contexto, o INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, desenvolveu o PRODES – Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal, o qual realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso, produzindo taxas anuais de desmatamento na região que são usadas pelo governo no desenvolvimento de políticas públicas (INPE, 2016). Portanto, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma modelagem dinâmica espacial para a mudança do uso e cobertura da terra de uma região localizada no noroeste do Estado do Pará, realizando uma simulação de projeção de desmatamento para 2033. Metodologia - A área selecionada para o presente estudo está localizada noroeste do Estado do Pará, na mesorregião do Baixo Amazonas, compreendendo os municípios: Criximiná; Óbidos; Alenquer; Curuá, Juruti e Santarém Terra Santa. Utilizou-se uma imagem de satélite que engloba ainda uma pequena fração do município de Nhamundá, no Estado do Amazonas. Os dados foram obtidos junto ao Centro de Sensoriamento Remoto – IGC/UFMG. A área corresponde à cena do PRODES cuja a órbita é 228 e Ponto 61. A software utilizado para a execução do modelo foi o Dinamica EGO. Trata-se de uma sofisticada plataforma de modelagem ambiental que se encontra disponível para download gratuito através do portal do Centro de Sensoriamento Remoto/UFMG. A metodologia utilizada foi desenvolvida pelo Centro de Sensoriamento Remoto/UFMG (SOARES-FILHO, et. al. 2009) a qual foi composta por 8 diferentes etapas, a saber: 1) Cálculo de matrizes de transição; 2) Calculo dos intervalos contínuos para categorização de variáveis; 3) Cálculo dos coeficientes dos pesos de evidência; 4) Análise da correlação de mapas; 5) Ajuste e execução do modelo para a simulação do LUCC (land use/change cover); 6) Validação da simulação do modelo usando uma função de decaimento exponencial e usando multiplas funções de decaimento exponencial; 7) Execução da simulação com formação de manchas; manchas e expansão; e 8) Projeção de trajetória de desmatamento. Resultados e Discussão - Na análise de correlação das variáveis, após a aplicação do teste Crammer não foi identificada nenhuma variável com correlação que obtinha valores superiores à 0,6. Desta forma, concluiu-se que todas as variáveis eram fundamentais para a validação do modelo. Nos mapas de probabilidade gerados para os anos de 1997 e 2003, os pontos em vermelho se referem aos locais com maior probabilidade de ocorrências de desflorestamento na região. A taxa de mudança do solo calculada pela matriz de transição para o período total (1997 até 2003) foi de 11%. A taxa anual chegou ao valor de 1,9%. No mapa de projeção para 2033 (30 anos), é possível observar que a tendência é do aumento da mancha de desmatamento na cena. No entanto, para entender as dinâmicas territoriais que contribuem para a evolução desse evento, é necessário considerar as relações antrópicas que ocorrem na mesorregião do Baixo Amazonas. O Estado do Pará, dentre os estados que compõem a região Norte do país, é aquele que possui as maiores taxas de desmatamento, chegando a marca de 2.153 km² em 2015 (INPE, 2016). Bueno e Vilela (2016) buscaram a analisar a expansão do desmatamento no estado do Pará avaliando o processo por cada mesorregião. Para isso destacaram-se 4 principais variáveis a serem consideradas para análise do desmatamento no Estado do Pará: i) Evolução do rebanho bovino; ii) Cultivo da soja; iii) Mineração; e iv) Evolução da população total, urbana e rural do estado. O Baixo Amazonas foi a mesorregião onde o desmatamento se acelerou mais recentemente no estado, porém ultrapassou nos últimos anos a mesorregião de Belém e de Marajó, alcançando uma taxa de 23.097 km² de área desmatada. O avanço da produção da soja e o incremento do rebanho bovino foram considerados os fatores que mais contribuíram para o avanço do desmatamento no Baixo Amazonas. (VILLELA, BUENO, 2016). Conclusão - O modelo revelou uma tendência preocupante no que concerne ao desmatamento da região do Baixo Amazonas. A expansão de práticas agropecuária, assim como a expansão urbana têm contribuído significativamente para o aumento das taxas de desmatamento e o cenário projetado para 2033 alerta para a tomada de medidas rigorosas para a preservação. Nesse contexto, a modelagem de dinâmica espacial se mostra como uma ferramenta indispensável no auxílio para a definição de políticas públicas voltadas para a preservação do bioma Amazônia e para o controle do desmatamento.

Keywords

Modelagem Ambiental; Desmatamento; Estado do Pará

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