MODELAGEM DO DESMATAMENTO DA PORÇÃO SUDESTE DA AMAZÔNIA UTILIZANDO O DINAMICA EGO


Autores

1Pizani, F.M.C.; 2Aquino, J.N.

1UFMG Email: fm.coelho@yahoo.com.br
2UFMG Email: nunes.aquino@hotmail.com

Resumo

INTRODUÇÃO - A Amazônia brasileira tem sofrido um avançado processo de desmatamento. Este desmatamento se deve às formas de uso da terra, tendo em vista a exploração dos recursos presentes na região, e à forma de ocupação do território (Barni, 2009). Com o crescimento das atividades econômicas na região tem-se aumentado drasticamente o desmatamento (Ferreira et al., 2005). Diante deste contexto, planejar e organizar o território se torna imprescindível para que se garanta um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação e uso dos recursos naturais. Uma das formas de se trabalhar em prol deste planejamento e organização territorial se dá por meio da modelagem ambiental para predição de cenários futuros. Assim, a geotecnologia se apresenta como instrumento significativo na proposição de medidas para subsidiar o ordenamento para órgãos públicos ou privados. Para este estudo, utilizou-se o software livre desenvolvido pelo Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais – CSR/UFMG, Dinamica EGO. Por meio dele é possível criar modelos que representam os fenômenos geográficos em sua essência dinâmica e complexa (Soares-Filho et al., 2009). A luz destas circunstâncias, o objetivo deste estudo foi projetar um cenário para o desmatamento na porção Sudeste da Amazônia, entre as Regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, para o ano de 2030 tendo em vista as paisagens iniciais de 2000 e 2003. MATERIAIS E MÉTODOS - Para a efetivação deste trabalho, foram utilizados dados em formato matricial das variáveis estáticas contínuas e categóricas distância para áreas desmatadas, rodovias, rios principais, assentamento, elevação, áreas protegidas, declividade, solo, atrações urbanas e vegetação (resolução espacial 250m) e limite de território fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (escala 1:2500000). Os dados foram processados utilizando o software Dinamica EGO (versão 3.0.17.0). Os mapas utilizados para a elaboração dos cenários de desmatamento datam as paisagens de 2000 (inicial) e de 2003 (final). Para a elaboração dos cenários, cinco etapas metodológicas foram executadas de forma a simular o desmatamento e analisar as mudanças na região. A primeira etapa caracterizou-se pela montagem de uma matriz de transição a fim de retratar a mudança em intervalos discretos de tempo e identificar a transição efetiva no uso do solo. A calibração do modelo teve por finalidade realizar testes com os parâmetros de entrada a fim de ajustar as variáveis com os parâmetros de saída (Baltokoski et al., 2010). Esta etapa contempla os cálculos de faixas para categorização de variáveis contínuas para fins de efetivação do cálculo do peso de evidências. Na análise da correlação, foram analisados índices baseados no coeficiente de Crammer que não indicou valores acima do limiar aceitável de 0,5. Desta forma, não houve valores excluídos e todas as variáveis puderam ser mantidas no processo. A terceira etapa caracterizou-se pelo início do processo de montagem do modelo de simulação. Para tanto, a matriz de transição, os pesos de evidência, o mapa inicial do ano de 2000 e os mapas de variáveis estáticas foram utilizados como dados de entrada do modelo. Nesta etapa utilizou-se uma função que tem por finalidade encontrar células próximas de um determinado local para que haja uma transição conjunta (Soares-Filho et al., 2009). Na etapa de validação, a própria plataforma do software Dinamica EGO utiliza um método já implementado de similaridade Fuzzy utilizando pixels em números ímpares de 1x1 a 11x11. Esta etapa exige que se verifique a similaridade entre o mapa gerado e um mapa de referência com as mudanças reais. Segundo Barni (2009) “valores acima de 50% de similaridade são considerados satisfatórios para a validação do modelo”. Neste trabalho utilizou-se uma imagem de satélite do mesmo ano para a comparação das mudanças geradas. Por fim, a última etapa trabalhou na simulação final do cenário de tendência do desmatamento para o ano de 2030. Para tal, simulou-se a formação de manchas e a expansão/contração de manchas já existentes o que tornou possível a projeção das trajetórias do desmatamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO - A única transição ocorrente para o estudo em questão se deu de áreas florestadas para áreas desmatadas. Verificou-se que a matriz de transição global resultou em um valor de 7,4% enquanto a matriz anual resultou em 2,5%. O método Fuzzy apontou similaridade satisfatória para a resolução 5x5, onde o valor encontrado foi de 54%. Neste momento foi possível apresentar a simulação final de tendência do desmatamento para o ano de 2030. Observou-se o aumento desordenado do desmatamento. As imagens apontam que, daqui a 30 anos, 62,83% do território estudado será apenas desmatamento, enquanto 27,67% do território será floresta e 9,5% não-floresta. CONSIDERAÇÕES FINAIS - É possível afirmar que a metodologia proposta se mostrou eficaz para projetar um cenário futuro de desmatamento na região. O software Dinamica EGO se apresentou como uma ferramenta importante na modelagem dos dados e predição do cenário. Pode-se observar que, caso o ritmo do desmatamento continue crescendo de forma desordenada, no ano de 2030 aproximadamente 63% da região será dominada pelo desmatamento, havendo uma grande probabilidade de escassez dos recursos naturais presentes ali. Este cenário pode ser preocupante; em contrapartida, pode auxiliar órgãos públicos e privados na tomada de decisão e a trabalhar iniciativas que sejam mitigadoras para o problema apresentado. Por se tratar de um software livre e de fácil manuseio, a aplicação desta metodologia em outras regiões torna-se bastante acessível aos pesquisadores que desejarem atuar com a análise da dinâmica do uso da terra.

Keywords

Modelagem de Dados; Desmatamento; Amazônia

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