A CARTOGRAFIA DE PAISAGEM NA SÍNTESE AMBIENTAL GEOECOLÓGICA PARA O INVENTÁRIO DE PARQUES LINEARES URBANOS


Autores

1Zacharias, A.A.; 2Moraes, W.R.

1UNESP/CÂMPUS DE OURINHOS/SP E CÂMPUS DE RIO CLARO/SP Email: andreazacharias9@gmail.com
2UNESP/CÂMPUS DE RIO CLARO Email: wesleirm@yahoo.com.br

Resumo

À medida que as cidades se desenvolvem, refletir sobre propostas de gestão urbana, que efetivem políticas de ordenamento territorial, significa entender, discutir e propor reflexões acerca da própria lógica sustentável da configuração das cidades. E, de outra parte, aferir que é na (re)produção do espaço urbano que a questão ambiental se mostra com maior proeminência, como reflexo da questão social, em detrimento da participação do homem, enquanto agente modelador e transformador do sistema ambiental. Nesta lógica, no Brasil, foi a Conferência Habitat 2, realizada em Istambul (Turquia), em 1996, que colocou as cidades no foco da sustentabilidade, oferecendo um marco de objetivos, princípios e compromissos para a consecução de assentamentos humanos sustentáveis. Desde então, progressivamente, os municípios brasileiros têm apresentado, em seus planos diretores, propostas de ordenamento territorial, com políticas públicas ambientais voltadas à proteção, preservação, conservação, controle e recuperação da paisagem e do meio ambiente, em áreas de fundo de vale, várzea, sujeitas à inundação, mananciais, alta declividade e cabeceiras de drenagem. Neste sentido, a Cartografia de Paisagens constitui-se na atualidade, em uma cartografia ambiental de síntese, caracterizada pelo ordenamento taxonômico, em áreas homogêneas, de zonas que possuem um potencial de uso ambiental. Este potencial é obtido por meio de uma análise integrada das unidades de paisagem, como um “todo sistêmico”, em que se combinam a natureza, a economia, a sociedade e a cultura. Nesta perspectiva, seu objetivo agrega mais atribuições. Não tem apenas a mera função de representar e ordenar espaços com potenciais de uso ambiental. Associa-lhe, também, a função de compatibilizar propostas, em consonância com a adequabilidade de usos segundo suas características ambientais. (ZACHARIAS, 2016, 2010). Associado aos fundamentos metodológicos propostos para a síntese geoecológica, a cartografia de paisagem integra de um lado, a interpretação analítico-integrativa advinda da classificação taxonômica e cartográfica dos complexos físico-geográficos naturais e, de outro a análise espacial temporal das modificações pela atividade humana, o que é possível através da caracterização dos relacionamentos funcionais e dinâmico-evolutiva das paisagens em qualquer área de estudo. Diante do exposto, este trabalho pretende apresentar a cartografia de paisagem na síntese ambiental geoecológica para o inventário de parques lineares urbanos, a partir do estudo realizado na cidade de Ourinhos, Estado de São Paulo, Brasil, cujo plano diretor apresenta os compromissos, contidos nos Artigos 17 e 23, que visam garantir políticas de eqüidade ambiental. Mas entre o ato de diagnosticar e propor, existe aquele de planejar, classificar e inventariar que, no ordenamento territorial só será possível com a elaboração de cenários gráficos, uma vez que, os mapeamentos favorecerem a síntese, a objetividade, a clareza da informação e a sistematização dos elementos representados. Garantidas essas qualidades, tornam-se importantes instrumentos do planejamento ambiental, dada sua possibilidade de fornecer conhecimento das potencialidades e fragilidades das paisagens. Tendo como base a proposta metodológica de Rodriguez (1994), o artigo traz uma Cartografia de Paisagens Síntese, alicerçada na análise Sistêmica e na concepção Geoecológica das paisagens, donde foi possível apresentar o diagnóstico do estado geoecológico para os nove córregos urbanos localizados na área urbana do munícipio em estudo, que detém a proposta de implantação de parques lineares urbanos pelo plano diretor. Os resultados obtidos podem ser observados a partir das discussões explicitadas na legenda do mapa que detém o inventário detalhado sobre a Função Geoecológica; a Capacidade de Uso Potencial; a Função Socioeconômica e Cultural; a Relação entre a Capacidade Potencial e a Função Socioeconômica; a Problemática Ambiental; bem como o Estado Geoecológico de suas paisagens, que classificam as áreas das drenagens urbanas, em: a) otimizada; b) alterada e; c) esgotada. Conclui-se que consoante às propostas apresentadas, constatou que a metodologia de Mateo Rodriguez (1994) para a execução de propostas que visam o planejamento ambiental, em escala local, aponta os caminhos. Primeiro, pela sistematização de uma sequência metodológica, que permite a individualização, a correlação, a classificação taxonômica e tipológica, que resulta na Cartografia de Paisagem do estado geoecológico das bacias hidrográficas urbanas, como um inventário ideário para a avaliação de suas “unidades de paisagem” no sistema ambiental. E, segundo, pelas classificações mais do que suficientes para afirmar que a proposta de representar e analisar a paisagem por meio da identificação de suas “unidades paisagísticas” revela-se um valioso instrumento para o conhecimento das relações espaciais entre os elementos que a constituem. A avaliação integrada do conjunto, mais que das partes, indica as interações entre os processos naturais e interferências antrópicas, permitindo localizar, qualificar e mesmo quantificar mudanças ocorridas, apontando tendências e subsidiando a elaboração de planos e propostas para o adequado ordenamento territorial e gestão do sistema ambiental destacado. (ZACHARIAS, 2016, 2010, p. 185). Afirmações mais que suficientes para estudar a viabilidade da implantação de parques lineares, no entorno dos recursos hídricos urbanos, se entendermos que o conceito de parque linear é relativo a faixas arborizadas ao longo das margens dos rios tendo a função de protegê-los, bem como de aumentar a permeabilidade de seus solos, diminuindo os impactos socioambientais em episódios de cheias. Além disso, funciona também como reduto de espécies vegetais e animais, formando corredores ecológicos que podem interligar matas remanescentes aumentando seu valor biogeográfico; ameniza as condições do tempo; diminui o impacto da poluição

Keywords

Cartografia de Paisagens; Cartografia Geoecológica; Parques Lineares Urbanos

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