Análise multitemporal de uso e ocupação do solo da Bacia hidrográfica do Rio Capivari – BA


Autores

1Santana, G.N.; 2Santos, R.L.; 3Aguilar, C.M.A.

1UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Email: gns-santana@hotmail.com
2UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Email: rosangela.leal.uefs@gmail.com
3UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Email: cmaaguilar@gmail.com

Resumo

Um dos principais fatores que influenciaram a ocupação do território brasileiro foi a distribuição espacial das águas. A colonização de áreas situadas próximas à mananciais hídricos superficiais e/ou subterrâneos que possuíssem potencial para o consumo humano, contribuiu com o surgimento da maioria dos centros urbanos (FELIPPE et al., 2016). Essa ocupação se deu primeiramente pelo litoral, que além das riquezas naturais oferecidas pelo Bioma Mata Atlântica possuía a única via de contato político e comercial que se tinha com o exterior: os portos marítimos (SILVA, 2016). No contexto do Recôncavo da Bahia, além da abundância de água as terras propícias para o cultivo agrícola foram determinantes para a rápida ocupação e consequentemente perda da vegetação natural. Em consequência das modificações causadas na paisagem natural dessa região, muitas bacias hidrográficas foram degradadas, dentre estas está a Bacia do Rio Capivari. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a dinâmica de modificação no uso e cobertura do solo dessa Bacia no período de 1973 a 2017. A Bacia do Rio Capivari, está situada no Recôncavo da Bahia, abrangendo os municípios: Castro Alves, Sapeaçu, Cabaceiras do Paraguaçu, Cruz das Almas, Muritiba e São Félix. Localizando-se na margem direita do baixo Paraguaçu, com nascente na Vila de Petim, em Castro Alvese e foz no município de São Felix, é considerado, segundo o INEMA, como um dos principais rios contribuintes do Rio Paraguaçu, juntamente com o Jacuípe, Santo Antônio, Utinga, Cochó e Una. O solo predominante e do tipo Latosolo Vermelho-Amarelo Distrófico (escala de 1:1.000.000) (EMBRAPA, 1977), solo tipicamente encontrado em áreas de tabuleiro costeiros (MOREAU et al., 2006). Numa escala de maior detalhe, Rodrigues et al. (2009) encontraram cinco domínios de solos: “Latossolos desenvolvidos sobre material sedimentar ocupando área de relevo plano a suave ondulado; Argissolos predominando nas encostas mais íngremes; Planossolos e os Luvissolos nos terços médios e inferiores das encostas; Gleissolos associados às zonas mais rebaixadas da paisagem. ” O clima predominante na região é úmido a subúmido (INEMA) e a precipitação varia de 1000 até 1400 mm, comconcentração das chuvas no outono e no inverno. A maior parte da bacia do Rio Capivari, encontra-se na área abrangência da Mata Atlântica, especificamente, Floresta Ombrófila Densa e Estacional Semidecidual, apresentando alguns remanescentes com espécies secundárias desse bioma.Segundo Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH/BA,2005), essa área passou por intensos processos de antropização, citando como principais fatores de degradação da vegetação natural, a expansão de áreas destinadas a atividades agrícolas e pecuárias, expansão urbana desordenada, substituição de cabrucas por pastagens, desmatamento para plantações de eucalipto, e agricultura irrigada (em menor escala). Os rios dessa Bacia têm apresentado um decrescente volume de água e, embora possua um caráter de intermitência na parte superior, esse quadro vem se estendendo para além da zona semiárida e adentrando a zona sub-úmida, somente se mantendo como rio perene no curso inferior, com predomínio de um clima úmido. Associou-se esse comportamento do volume da vazão essencialmente à modificação da cobertura vegetal, pelas mudanças e intensificação do uso do solo e da cobertura, bem como derrubada das matas ciliares e remanescentes de florestas. Assim, partiu-se de uma análise multitemporal de imagens de satélite, considerando que as modificações de uso poderiam ser perceptívies numa escala temporal de 40 anos. Usou-se como ponto de partida uma imagem do satélite Landsat 1 de 1973, seguida de uma do Landsat 2 de 1975, uma Landsat 5 de 1984, uma Landsat 7 de 2000 e uma Landsat 8 de 2017. Foi descrito toda a metodologia de adequação de resolução (espectral e temporal), registro, amostragem e classificação (pelo método da segmentação e classificação de Bathacharyya). A obtenção das imagens de qualidade apresentou grande dificuldade devido a intensa presença de nuvens em toda a região durante todos os períodos. Utilizou-se como classes de uso: Floresta, Área em Regeneração, Mata Ciliar, Agricultura, Pastagem, Área Urbana, Corpos d’agua e Solo Exposto. As imagens da década de 70 (Landsat 1 e 2) apresentam um uso conservacionista do solo, com predomínio de lavouras permanentes e conservação da mata secundária, além de pastagens, principalmente na área semi-árida. No decorrer da década de 80 e 90, observamos o aumento da área de pastagem pela substituição das lavouras permanentes e derrubadas das florestas secundárias. Esse quadro se mantem na década de 2000, onde se consegue observar o aumento da degradação do solo com o crescimento da classe solo exposto. Na imagem mais recente (2017) observa-se a reduzida área de floresta, uma grande expansão da área de pastagem em detrimento das áreas de lavoura (permanente e temporária). Do exposto, a metodologia utilizada permitiu obter resultados qualitativos e quantitativos das alterações de uso e ocupação do solo da Bacia do Capivari, bem como, indiretamente do seu estado de degradação, no qual, podemos inferir, ser um dos responsáveis pela crescente intermitência da bacia de drenagem, pela interferência no nível de infiltração e permanência de água no solo.

Keywords

Sensoriamento remoto; Gestão territorial; Degradação ambiental

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