A simbologia geomorfológica adaptada para mapeamentos de feições do relevo desenvolvidos em ambiente SIG.


Autores

1Stefanuto, E.B.; 2Lupinacci, C.M.

1UNESP - RIO CLARO Email: estevao1508@hotmail.com
2UNESP - RIO CLARO Email: cenira@rc.unesp.com

Resumo

A modificação da superfície terrestre se intensificou nas últimas décadas, fazendo com que alguns autores passassem a considerar o ser humano como um novo agente geomorfológico (Nir, 1983). Nesse contexto, a cartografia geomorfológica pode ser compreendida como uma possibilidade de compreensão deste ambiente que se constitui cada vez mais como complexo, permitindo a identificação, como destaca Tricart (1965), de informações como a morfometria, a morfografia, a morfogênese e a cronologia, além de constituir-se em um importante instrumento de compreensão do modelado do relevo atual que se apresenta cada vez mais dinâmico em função da atuação de agentes antropomórficos. Diante das diversas variações morfológicas, Ross (1990) destaca a problemática em formular um modelo de representação que satisfaça os diferentes interesses dos estudos geomorfológicos, sendo que, como afirma Cunha e Queiroz (2012), mapear um objeto tridimensional, utilizando duas dimensões, cria dificuldades que se refletem na grande variedade de símbolos e tramas para a confecção de um mapeamento geomorfológico. Desta forma, objetiva-se com este artigo apresentar e discutir procedimentos técnicos que visam adaptar a simbologia geomorfológica desenvolvida em meio analógico por Tricart (1965) e Verstappen & Zuidan (1975), para mapeamentos em escala de 1:50.000, desenvolvidos em meio digital. Para tal, selecionou-se como área de estudo a Serra do Cuscuzeiro, localizada no município de Analândia (SP), caracterizada pela presença de front cuestiforme bem demarcado, presença de morros testemunhos e esporões, constituindo-se assim em um setor de complexidade na área de domínio das cuestas do Estado de São Paulo (STEFANUTO E LUPINACCI, 2016). Ressalta-se ainda, que para adaptação da simbologia, bem como para o desenvolvimento do mapeamento, utilizou-se o ambiente digital disponibilizado pelo programa ArcGis 9.2, sendo o mapeamento geomorfológico formulado a partir do levantamento de ortofotos desenvolvidas pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano datadas do ano de 2010. Destaca-se também a utilização de alguns mecanismos para formulação da simbologia geomorfológica desenvolvidos por Paschoal, Conceição e Cunha (2010) que permitiram compreender o setor de edição de símbolos do ArcGis 9.2. Assim, o processo de adaptação da simbologia geomorfológica foi realizado dentro do ambiente de edição manual de símbolos, constituindo-se em um processo moroso de aplicações e ajustes, para que cada símbolo representasse de forma qualitativa os elementos geomorfológicos identificados na ortofoto. Ao todo, 19 símbolos, no formato linha, ponto e polígono, foram formulados para a escala de trabalho. Os mesmos serão descritos em detalhes no artigo completo, entretanto, buscando exemplificar o procedimento, apresenta-se o processo de formulação do símbolo pertinente aos sulcos erosivos. O mesmo foi confeccionado através de dois shapefiles na extensão linha, sendo um referente ao traçado do sulco e outro à direção de caimento da feição erosiva. Aos shapes, foi adicionada uma linha oculta, a qual permitiu direcionar o símbolo no rumo da feição linear identificada, uma vez que, o sentido de ocorrência é de grande importância no entendimento de algumas feições geomorfológicas. Desenvolveu-se também a proposta de inserção de uma nova simbologia para os mapeamentos geomorfológicos. Durante as análises das ortofotos da Serra do Cuscuzeiro, identificaram-se setores nos quais as linhas de cumeada apresentavam dissimetria em suas vertentes, assim os símbolos tradicionais que representam linhas de cumeadas suaves ou abruptas não poderiam representar de forma qualitativa a dissimetria. Com isso, propõe-se nesse artigo a criação de uma simbologia que represente as linhas de cumeada dissimétricas, formulando-a através de um shape linha representado por uma linha com franjas, que indicam quais vertentes são íngremes ou suavizadas. Por fim, foi possível apresentar uma contribuição no que se refere aos procedimentos de inserção das simbologias geomorfológicas no SIG utilizado. As simbologias formuladas a partir de um shape ponto ou linha obtiveram melhor resultado ao serem demarcadas em escala fixa de 1:50.000, uma vez que em outras escalas, maiores ou menores, tais simbologias apresentaram deformações que comprometem a qualidade dos mapeamentos, representando com pouca exatidão no setor de ocorrência de determinada feição geomorfológica. Já as simbologias formuladas através de um shape polígono foram traçadas em escalas variadas, não apresentando deformações. Desta forma, este artigo apresenta contribuições a respeito da escala de mapeamento, buscando enfatizar os procedimentos necessários a serem realizados a 1:50.000, e a proposição de uma nova simbologia pertinente aos mapeamentos geomorfológicos. Bibliografia CUNHA, C. M. L.; QUEIROZ, D. S. A Cartografia Geomorfológica de Detalhe: Uma Proposta Visando à Multidisciplinaridade. CLIMEP. v. 07, n. 1-2, 2012. p. 22-45. NIR, D. Man, a geomorphological agent: an introduction to anthropic geomorphology. Jerusalem: Katem Pub, House, 1983. PASCHOAL, L. G.; CONCEIÇÃO, F. T.; CUNHA, C. M. L. Utilização do ArcGis 9.3 na elaboração de simbologias para mapeamentos geomorfológicos: Uma aplicação na área do Complexo Argileiro de Santa Gertrudes/SP. Simpósio Nacional de Geomorfologia. 8, 2010, Recife. Anais. p. 1-13. Ross, J. Geomorfologia ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1990. STEFANUTO, E. B.; LUPINACCI, C. M. Aspectos Morfoestruturais do Relevo em Setor de Cuestas: Um Estudo em Analândia (SP). Revista Brasileira de Geografia Física. v. 9, n. 4, 2016. TRICART, J. Principes et méthodes de la géomorphologie. Paris: Masson, 1965. VERSTAPPEN, H. T.; ZUIDAN, R. A. van. ITC System of geomorphological survey. Manual ITC Textbook, Netherlands: Enschede. V. 1, cap. 8, 1975.

Keywords

Mapa Geomorfológico ; SIG; Simbologia Geomorfológica

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