O Uso de Dados Geoespaciais em Modelos de Regressão Logística na Determinação de Acidentes por Atropelamento em Áreas Urbanas


Autores

1Rosa de Oliveira Barros, E.; 2Magalhães de Oliveira, A.; 3Gabriel Vieira Santos, J.; 4Israel Damasceno Silva, L.; 5Henriques Martins Gomes Mafra Filho, F.

1UFPE Email: erobeng@gmail.com
2UFPE Email: amagalhaes.eng@gmail.com
3UFPE Email: gabriel.cart@hotmail.com
4UFPE Email: lucasisrael1000@gmail.com
5UFPE Email: fausto.mafra@hotmail.com

Resumo

O espaço faz parte da nossa vida cotidiana, pois as pessoas e o ambiente, tanto o natural quanto o construído, ocupam um lugar na Terra, ou seja, tudo está em algum lugar. Poderíamos dizer de uma maneira simplista que o espaço nada mais é do que a superfície do nosso planeta. Superfície esta que, apesar das dimensões, a cada dia que passa se torna menos relevante se considerarmos o avanço das tecnologias de transporte e comunicação (MOUW, 2000). Mas não podemos concluir que o espaço é importante apenas porque tudo acontece em algum lugar, mas porque saber onde as coisas acontecem é crucial para o entendimento de como e porque elas acontecem (WARF; ARIAS, 2009). Muitas teorias sociais relacionam o comportamento individual ou de um grupo familiar com o contexto da localização espacial deste indivíduo ou grupo familiar (RINDFUSS; STERN, 1998), ou seja, procuram explicar esse comportamento tendo em conta um contexto social e espacial (ENTWISLE, 2007). Seguindo este raciocínio, para termos uma visão completa de um fenômeno precisamos compreender a relação entre a ocorrência deste fenômeno em uma determinada região e as diversas dimensões da realidade que se apresentam naquele espaço, desde os aspectos físicos e ambientais, até os aspectos humanos e sociais. Os custos envolvidos com os acidentes também revelam valores expressivos. Segundo o relatório sobre impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – (IPEA, 2006), o custo dos acidentes nas rodovias brasileiras atingiu cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2005. No relatório do mesmo Instituto, elaborado em 2003, sobre impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas aglomerações urbanas (IPEA, 2003), o custo dos acidentes nas áreas urbanas atingiu um valor que correspondia a aproximadamente 0,5% do PIB brasileiro em 2001. Tendo em vista tal realidade, a Organização das Nações Unidas elegeu o período de 2011-2020 como sendo a Década de Ação pelo Trânsito Seguro, na qual governos de todo o mundo se comprometem a tomar novas medidas para prevenir os acidentes no trânsito. Então a partir do problema apresentado, procurou-se propor uma metodologia de análise dos acidentes de trânsito baseado no georreferenciamento e nas especificidades dos dados geográficos, empregados. Aplicando estas variáveis agregadas em áreas e relacionadas à geometria e conectividade das vias, às características demográficas, socioeconômicas e de uso do solo. O conhecimento das relações entre as pessoas e seus ambientes físicos e sociais possibilitou novas visões e entendimentos dessas complexas interações, levando a grandes avanços científicos que, provavelmente, vão continuar acontecendo ainda por muito tempo. Diante disso, será visto em detalhes na revisão bibliográfica, o uso de dados georreferenciados de acidentes em trechos urbanos, segurança viária, travessias urbanas, perfil socioeconômico dos locais onde ocorreram os acidentes, conceitos de agregação, Censo Demográfico e regressão logística. Podemos perceber que os assuntos Geoespaciais tomaram proporções inimagináveis na atualidade, o que levou Taylor (2010) a dizer que estamos testemunhando o surgimento da Era da Localização. Apesar do interesse pelo espaço nos estudos analíticos ter se iniciado há mais de um século, esta nova era parece coincidir com a proliferação do uso de aparelhos com sistemas de localização (TAYLOR, 2010), como automóveis e telefones celulares, bem como com a disponibilização de serviços de mapas na internet (RUMSEY, 2009), como o Google Earth e o Google Maps, que surgiram em 2005. Espacializar o fenômeno em estudo abre espaço para o emprego de diversas técnicas de visualização dos dados e de análise espacial, as quais têm potencial de trazer uma visão mais rica sobre o comportamento dos acidentes que não somente a oriunda da interpretação de modelos e testes estatísticos. O objetivo da pesquisa é de se utilizar dos recursos da geoinformação associado à metodologia de inferência estatística. Para isso, a hipótese levantada é de relacionar os dados dos acidentes de trânsito no trecho urbano da BR 101 do município do Recife-PE, com as informações socioeconômicas de cada setor censitário de cada trecho da região de estudo, bem como outros aspectos informados pela Polícia Rodoviária Federal relacionados ao registro da ocorrência, a exemplo de informações temporais e das características do evento. Para verificar a probabilidade associada a esse tipo de acidente, se utiliza da variável dependente na forma de saída dicotômica, no entanto, em análises de regressão clássica linear, se verifica a inadequadabilidade desse tipo de saída para o modelo linear, devido a incompatibilidade ao atendimento dos pressupostos básicos do modelo de regressão, a exemplo da esperança nula, normalidade, homoscedasticidade, não autocorrelação e aleatoriedade. (PARDOE, 2006). Portanto, para se obter uma correlação mais forte entre os vetores da variável dependente ajustado versus calculado, bem como se ajustar um modelo que atenda aos pressupostos básicos, o método adotado é de regressão logística, no caso, uma regressão não-linear, onde se possibilita se verificar a probabilidade associada ao evento de acidente por atropelamento com as variáveis explicativas do comportamento deste fenômeno. Com as informações obtidas do modelo gerado, agregadas aos trechos da rodovia, se possibilita a geração de produtos cartográficos que possibilitem a visualização e interpretação do fenômeno estudado. Portanto, um produto útil a tomada de decisão por parte das autoridades competentes no sentido de desenvolver políticas públicas e de intervenções físicas, a exemplo de implantação de passarelas, para minimizar os prejuízos econômico-sociais relativos aos acidentes de trânsito.

Keywords

SIG; Regressão Logística; Acidentes

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