INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA VOLUNTÁRIA COMO FONTE DE DADOS PARA CARTOGRAFIA BÁSICA DE MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE


Autores

1Loti, L.B.S.; 2Lisboa, M.H.M.; 3Silva, P.L.; 4Dias, V.E.C.; 5Lisboa Filho, J.; 6Oliveira, G.D.; 7Miranda, G.H.B.; 8Martins, G.S.; 9Monteiro, C.R.; 10Rodrigues, L.F.; 11Sperandio, V.G.; 12Mendes, V.F.

1UFV Email: layane.loti@ufv.br
2UFV Email: matheus.lisboa@ufv.br
3UFV Email: priscila.l.silva@ufv.br
4UFV Email: vitor.dias@ufv.br
5UFV Email: jugurta@ufv.br
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10UFV
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12UFV

Resumo

A Internet tornou-se o principal meio para disseminação de informações geográficas. Com ela é possível difundir este tipo de informação atingindo um número incontável de usuários, por exemplo, através do uso de mapas dinâmicos, chamados WebMaps, onde os usuários além da visualizar podem interagir com o que é apresentado. Atualmente, a interação com algumas plataformas permite que os usuários sejam mais do que apenas consumidores de dados e atuem também como produtores de informação geográfica, de forma voluntária. Informação Geográfica Voluntária (VGI) é a principal fonte de dados em plataformas como Wikimapia e OpenStreetMap (OSM). Nestas plataformas, os usuários podem acrescentar aos mapas dados sobre uma área ou região de seu conhecimento. A plataforma OSM é uma iniciativa internacional que visa coletar e fornecer dados geográficos gratuitos, valorizando o conhecimento local de seus usuários. A base de dados do OSM é mantida por uma comunidade constituída de colaboradores que mapeiam voluntariamente estradas, ruas, edificações públicas e comércios de cidades e campos espalhados por todo o planeta. A plataforma OSM conta com um GeoPortal (www.openstreetmap.org) onde são apresentadas diferentes feições já mapeadas, a partir de imagens de satélites e fornece ferramentas que permitem a edição e inserção de novas feições. As alterações feitas podem ser salvas, e após análise realizada por grupos de profissionais capacitados, agindo como moderadores, se tornam efetivas e podem ser visualizadas e exportadas (em formato .osm) por qualquer usuário. As informações disponibilizadas possuem livre acesso de utilização, sujeita à Open Database License, e podem ser exportadas e inseridas em Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e em Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados Geográficos (SGBDG), como o PostGIS, e serem manipuladas através destes sistemas. O presente artigo tem como objetivo descrever como um conjunto de dados fornecidos de forma voluntária, por meio da plataforma OSM, pode gerar uma base cartográfica inicial, que possibilita aos gestores de municípios de pequeno porte tomarem decisões com base em informação espacial armazenada em um banco de dados geográfico utilizando apenas sistemas de software livre. O artigo descreve um projeto desenvolvido no âmbito de uma disciplina de banco de dados espaciais do curso de pós-graduação em Ciência da Computação da Universidade Federal de Viçosa. O projeto foi estruturado em 4 etapas. A primeira etapa tratou da divisão da turma em grupos e escolha de quatro municípios para criação e edição de dados espaciais no OSM. Foram escolhidos, por questão de origem e conhecimento dos estudantes, os municípios de Florestal, Manhumirim, Paula Cândido e Piranga, todos municípios de pequeno porte localizados no estado de Minas Gerais. Na base do OSM, nestes quatro municípios, praticamente só existiam informações muito básicas cadastradas, como o arruamento parcial e ainda assim com muitas ruas sem o nome. A segunda etapa consistiu na criação, edição e enriquecimento dos dados/feições para cada um desses município, principalmente na área urbana. Foram cadastrados dados de arruamento, edificações, equipamentos públicos e privados, hidrografia e outros. Após a validação e aprovação dos dados, feita por responsáveis do sistema OSM, os dados foram exportados para o software de SIG QuantumGis, onde foi avaliada a qualidade topológica dos dados. A terceira etapa consistiu na realização de engenharia reversa, feita utilizando-se o modelo UML-GeoFrame e a ferramenta CASE ArgoCaseGeo, para elaborar o esquema conceitual dos dados cadastrados, visando produzir os diagramas conceituais de cada município. Posteriormente, importou-se os dados para o software de gerenciamento de banco de dados PostgreSQL, com a extensão espacial PostGIS instalada. Essa extensão permite armazenar dados espaciais em um banco de dados e efetuar consultas espaciais e topológicas sobre eles. Por fim, na quarta e última etapa foi discutida a importância da utilização dos dados coletados para muitos propósitos, e a principal abordagem foi a utilização dos mesmos na administração pública. Elaborou-se consultas a fim de exemplificar o potencial de análises espaciais visando contribuir no processo de tomada de decisão na administração municipal. Alguns exemplos de consultas realizadas foram: análise de melhores locais para inserção de novos edifícios públicos; avaliação de melhores rotas; cálculo de distâncias; e comprimentos de vias. Foram avaliadas também questões ambientais, como definições de Áreas de Preservação Permanente (APP) e análise de interseção, para avaliar quais vias e edificações estavam sobrepondo as APPs. No desenvolvimento deste estudo foram empregados apenas sistemas de software livre, incluindo a plataforma OSM. Através destas ferramentas, sem nenhum custo e estimulando o uso dos conhecimentos locais, foi possível elaborar bases cartográficas municipais confiáveis em relação à descrição e atualização dos dados. Através das consultas efetuadas ficou evidente que estas informações podem auxiliar na administração de municípios de pequeno porte onde não há nenhuma informação espacial disponível. No entanto, um ponto que deve ser ressaltado é o controle de qualidade das informações fornecidas, pois estas são coletadas voluntariamente e nem sempre os usuários possuem conhecimento cartográfico. Desta forma é imprescindível que o colaborador possua conhecimento minucioso da região para que não agregue erros à base cartográfica. Por fim, vale ressaltar que um dos grupos de trabalho recebeu elogios direto dos moderadores do sistema OSM.

Keywords

VGI; OpenStreetMap; Dados Geográficos

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